Introdução: A Alegria da Presença Divina
Estar na presença do Senhor constitui o mais alto motivo de regozijo, alegria e satisfação. Esta verdade encontra sua expressão mais bela nas palavras do salmista Davi, que em um de seus salmos escrevia e cantava com profunda convicção: “Preferiria estar pelo menos um dia nos átrios da casa do meu Deus do que mil em outro lugar.”
Estar diante da presença do Senhor é puro deleite. A Palavra estabelece isso com absoluta clareza quando pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no Seu lugar santo?” E responde: “Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro.” No entanto, isso não vem de nós mesmos, pois aprendemos pela graça e misericórdia do Deus Eterno Todo-Poderoso que “não é pelas obras, para que ninguém se glorie, mas é pela graça” que o Senhor tem mostrado na vida de cada um de nós.
No Salmo 30 encontramos outra declaração transformadora do salmista que escreve: “Transformaste o meu pranto em dança.” Há aqui uma transformação radical, uma realização profunda que o homem não pode obter fora de Deus, que a mulher não pode desenvolver independentemente do Todo-Poderoso. Por esta razão estamos diante da presença do Senhor com motivo de alegria, regozijo e satisfação, sabendo que tudo isso não procede de nós mesmos, mas é inteiramente do Senhor.
O Fundamento Bíblico: Sem Fé é Impossível Agradar a Deus
Ao nos expormos novamente à Palavra do Senhor neste tópico tão importante e necessário como é a fé, devemos reconhecer quantos de nós estão verdadeiramente caminhando pela fé. No livro de Hebreus, capítulo 11, versículo 6, encontramos uma declaração categórica: “Sem fé é impossível agradar a Deus.”
Esta afirmação não apenas estabelece uma demanda divina, mas marca os limites precisos da vida que agrada ao Senhor. Não se trata de boas obras, não se trata de boas intenções repetidas; trata-se especificamente de caminhar pela fé. Por essa razão é fundamental o tópico ao qual nos expomos neste ensinamento.
A Interpretação Errônea Contemporânea da Fé
Até este momento, a grande maioria dos homens e mulheres que fazem parte de uma congregação ou que reconheceram Jesus o Cristo como seu Senhor e Salvador, caminham sob o conceito errôneo de que a fé é, até certo ponto, como uma ferramenta para poder assegurar a obtenção daquilo que estão pedindo ao Senhor.
A grande maioria mantém esta definição que considera a fé apenas como o recurso que nos ajuda a assegurar que vamos receber algo. Muitas vezes nós mesmos expressamos assim: “Eu tenho fé de que vou ver este resultado”, “Eu tenho fé de que o Senhor vai responder minha oração”, “Eu tenho fé de que vou obter o que estou pedindo ao Senhor.”
No entanto, quando entramos profundamente nas Sagradas Escrituras, descobrimos que a fé não é uma ferramenta para assegurar o resultado que estamos esperando. É uma definição bastante utilitária que infelizmente desenvolvemos, e não necessariamente fundamentada na Palavra do Senhor.
A fé é para nos ajudar a caminhar nesta terra conforme o que o Reino dos Céus estabeleceu para cada um de nós que decidimos entrar sob a jurisdição do Reino dos Céus.
O Contexto Bíblico: Lucas 17:3-6
Para compreender adequadamente o que é a fé e por que é necessário caminhar por ela, examinemos a passagem de Lucas capítulo 17, versículos 3 a 6:
“Cuidai-vos! Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido; perdoa-lhe. Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.”
Este texto revela muito sobre a fé, mas para entendê-lo completamente, devemos compreender o contexto no qual Jesus o Cristo estava ensinando. Ele estava em uma série de ensinamentos sobre diferentes tópicos acerca do Reino dos Céus, e um dos tópicos que Ele abordou foi precisamente o perdão.
Quando Jesus o Cristo ampliou o ensinamento dizendo-lhes: “Se sete vezes esta mesma pessoa, não uma diferente mas a mesma pessoa, se sete vezes ela te ofender e sete vezes vier a ti pedindo que a perdoes, tu a perdoas”, foi aí que os discípulos Lhe disseram: “Aumenta-nos a fé.”
Por que pediram isso? Porque até aquele momento, os apóstolos estavam acostumados ao que a lei mosaica havia estabelecido com respeito às ofensas de uma pessoa contra outra. No livro de Êxodo e também em Deuteronômio, a Palavra estabelecia: se alguém te ofende, se alguém te bate, então “olho por olho e dente por dente.” Isso é o que a lei mosaica estabelecia e ao que eles estavam completamente acostumados.
Quando Jesus o Cristo agora lhes apresentou uma situação aparentemente completamente diferente do que a lei mosaica havia estabelecido, eles disseram: “Isso é muito difícil para nós completarmos. O que precisamos é que tu aumentes nossa fé. Se tu aumentares nossa fé, certamente então será muito mais fácil poder cumprir e completar isso.”
Primeiro Ensinamento Fundamental: A Fé Sujeita o Material ao Espiritual
Daqui já começamos a ver que no ensinamento de Jesus o Cristo, a fé não tem a ver, na maior parte, com coisas que estamos pedindo ou exigindo para nós mesmos. Tem a ver com poder cumprir e completar aquelas coisas que são parte do Reino dos Céus às quais não estamos acostumados e que não podem ser enfrentadas exceto através da fé.
Por quê? Porque a tendência humana é estabelecer outros elementos, como por exemplo, neste caso, o “olho por olho e dente por dente.”
Baseado no pedido dos apóstolos, Jesus o Cristo entrou no ensinamento da fé e disse no versículo 6: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Desarraiga-te e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.”
Há dois ensinamentos fundamentais aqui a respeito da fé:
Primeiro: A fé nos ajuda a poder sujeitar, a poder submeter o material ao espiritual. Quero repetir isso porque é extremamente importante e aqui começamos com as definições precisas da fé:
O que é a fé? A fé é a virtude espiritual que nos ajuda, que nos dá a capacidade, que nos dá a autoridade, que nos dá o poder para poder sujeitar o material ao espiritual.
Isso é exatamente o que Jesus o Cristo está dizendo-lhes no versículo 6: Se dissésseis a esta amoreira “desarraiga-te e planta-te no mar”, ela obedeceria e seria feito exatamente como vocês estão determinando, como vocês estão declarando.
A fé é a capacidade espiritual que nos ajuda a sujeitar o material ao espiritual, e esta é a parte que muitos de nós precisamos poder entender e caminhar por ela. Temos que sujeitar o material ao espiritual.
Nossa Identidade Espiritual
Somos homens, somos mulheres espirituais, somos seres espirituais. Não pertencemos a este mundo, embora vivamos neste mundo. Jesus o Cristo disse claramente no Evangelho de João: “Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal.”
Somos seres que caminhamos nesta terra. Os anos que vivemos nesta terra temos que entender que não somos cidadãos desta terra; somos seres espirituais, pertencemos ao Reino dos Céus.
A primeira lição que a Palavra do Senhor nos apresenta e ensina a cada um de nós é que como homens do Reino, como mulheres do Reino dos Céus, temos que aprender a sujeitar o material ao espiritual. Esta é a parte mais importante que devemos entender: não é nos acomodarmos às condições deste mundo, mas sujeitar o material ao espiritual de tal forma que o espiritual sempre seja feito nos ambientes onde estamos vivendo.
Em outro momento, Jesus o Cristo ensinou esta mesma coisa aos Seus discípulos quando vieram diante dEle e disseram: “Ensina-nos a orar.” Jesus o Cristo claramente estabeleceu este mesmo princípio e lhes disse na oração: “Pai, seja feita a Tua vontade na terra, assim como é feita no céu.”
A fé, então, é a capacidade que o homem e a mulher podem desenvolver para sujeitar o material ao espiritual.
Por Que Sem Fé é Impossível Agradar a Deus
Daqui vemos a razão pela qual “sem fé é impossível agradar a Deus.” O homem e a mulher que se sujeitam às condições deste mundo, que se sujeitam ao que o mundo estabelece—entenda isso no social, no político, no econômico, em questões de saúde—é uma pessoa que não está caminhando pela fé, mas está caminhando conforme o que o mundo desenvolveu dentro da sociedade e o que o mundo estabelece como a forma de poder viver, conviver e se desenvolver.
Por que é importante caminhar pela fé? Porque quando caminhamos pela fé estamos estabelecendo o Reino dos Céus sobre a face da terra.
O Reino dos Céus é Estabelecido pela Fé
Aqui há um elemento que precisamos poder estabelecer claramente: O Reino dos Céus não se estabelece apenas com palavras. O Reino dos Céus não se estabelece apenas com pregação. O Reino dos Céus não se estabelece apenas com evangelização, que até este momento é a forma como a maioria dos homens e mulheres que confessam Cristo Jesus acreditaram ser a única forma pela qual é estabelecido.
Muitos pensam: “Vou evangelizar, vou estabelecer a mensagem do Evangelho para que o Reino dos Céus seja estabelecido.” Mas não é a única forma. Na realidade, o Reino dos Céus se estabelece quando caminhamos conforme o que a Palavra do Senhor estabeleceu. Assim é como o Reino dos Céus se estabelece.
Portanto, “sem fé é impossível agradar a Deus.” Isso significa que o homem que confessa Cristo Jesus, a mulher que confessa Cristo Jesus, temos que aprender que é necessário sujeitar o material ao espiritual, não o contrário, não da outra forma. Não é nos sujeitando aos sistemas, não é nos sujeitando ao que o mundo estabeleceu.
As Duas Vozes: Deus vs. O Mundo
O que Deus disse? O que o mundo diz? Há duas vozes que estão constantemente sendo apresentadas. Mas o homem de Deus, o homem que caminha pela fé, a mulher que caminha pela fé, escuta a voz de Deus mesmo que vá contrário ao que a voz do mundo estabeleceu.
No Antigo Testamento encontramos que quando o povo entrou na terra prometida, a primeira coisa que fizeram foi estabelecer um ato profético. Deus, através de Moisés, lhes disse: “Vocês vão a dois montes: ao monte Ebal e ao monte Gerizim. Em um deles metade do povo vai proclamar as maldições da lei, e na outra metade do povo vai proclamar as bênçãos.”
No monte Ebal e no monte Gerizim este ato foi estabelecido onde seis tribos proclamavam as maldições contidas na lei mosaica, enquanto as outras seis tribos proclamavam as bênçãos, deixando o vale no meio.
O que isso está nos ensinando? Que o homem que confessa Cristo Jesus, a mulher que confessa Cristo Jesus, sempre, toda a vida, vai ter duas vozes, vai estar diante de duas vozes:
- A voz do mundo que apresenta maldições
- A voz do Reino dos Céus que apresenta bênçãos
“Estas bênçãos te alcançarão,” assim começa Deuteronômio capítulo 28: “Bendito serás tu na cidade, e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais. Bendita a tua cesta e a tua amassadeira. Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres.”
E no mesmo capítulo 28 de Deuteronômio, do versículo 15 até o final, encontramos as maldições por não ter atendido à voz de Deus.
A fé consiste na capacidade que o homem, na capacidade que a mulher de Deus desenvolve para poder sujeitar o material ao espiritual.
Segundo Ensinamento Fundamental: A Fé Deve Crescer
O segundo ensinamento que este texto de Lucas 17:6 nos apresenta é fundamental: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Desarraiga-te e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.”
Muitos entenderam esta passagem como alegórica, pensando que Jesus o Cristo estava falando em termos simbólicos, não de uma amoreira real. Uma amoreira é uma árvore de tamanho médio, não é nem mesmo um arbusto, é uma árvore de tamanho médio.
Muitos dizem: “Isso é impossível, não pode ser feito, não vai nos obedecer. Na realidade, o que Jesus o Cristo estava apresentando simbolicamente é que esta amoreira ou este monte representa nossos problemas, nossos obstáculos, nossos inconvenientes, tudo o que se opõe a nós no caminho.”
Mas o Senhor não estava falando em termos alegóricos. O Senhor não estava falando em termos simbólicos; Ele estava realmente falando de uma amoreira, isto é, de uma árvore de tamanho médio. Ele estava falando de um monte, de um monte físico.
O ponto consiste precisamente em que temos que aprender a sujeitar o material ao espiritual, e esta é a realidade que não acontece no ambiente eclesiástico hoje. Porque muitas vezes acontece o contrário: é o homem se sujeitando ao ambiente social, ao ambiente político, ao ambiente econômico, ao ambiente de saúde.
Quantas vezes homens de Deus dizem: “Estou sob esta situação” falando de questões de saúde e em oração. Por quê? Porque não pudemos entender que a fé é sujeitar o material ao espiritual.
O Processo de Crescimento: A Parábola do Grão de Mostarda
Quando Jesus o Cristo disse: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda,” Ele não estava falando sobre tamanho. Para entender isso completamente, devemos ir ao Evangelho de Marcos, capítulo 4, versículos 30-32:
“A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, depois de semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar debaixo da sua sombra.”
Jesus o Cristo não estava falando sobre tamanho quando disse: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda.” Muitos de nós tendemos a pensar: “Jesus estava dizendo-lhes que o tamanho da sua fé não importa; se você tem fé, isso é o que importa e você poderia fazer tantas coisas.” Não, Ele não estava falando sobre tamanho.
Do que Ele estava falando então? Ele estava falando sobre o processo que o grão de mostarda segue. O grão de mostarda quando é semeado é a menor de todas as sementes. É realmente bem pequeno, um grão a ponto de que se você não tiver cuidado pode se perder, pode se extraviar.
Mas quando é semeado, cresce, sobe e se torna a maior de todas as hortaliças, de tal forma que pode até sustentar ninhos e aves em seu meio.
A fé tem que crescer. Isso é o que Jesus o Cristo está apresentando: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a este monte ou a esta amoreira: desarraiga-te e move-te para o mar.”
Se nossa fé tivesse a capacidade de crescer, a capacidade de se desenvolver, a capacidade de se multiplicar, então diríamos a esta amoreira: “desarraiga-te e vai para o mar.”
Responsabilidade Pessoal pelo Crescimento da Fé
Esta é a parte que muitos de nós negligenciamos porque precisamente acreditamos que a fé só serve quando preciso de algo. Acreditamos que a fé é uma ferramenta: “Eu só preciso de algo, tenho que usar a fé.” Se revisarmos, isso é praticamente o que os discípulos estavam dizendo-Lhe: “Dá-me outro pacote de fé, dá-me outra quantidade de fé para eu poder resolver ou enfrentar esta situação.”
A fé não é um pacote. Romanos capítulo 12, versículo 3, diz claramente que “Deus repartiu a cada um a medida da fé.” Mas a partir dessa medida de fé, é responsabilidade sua e minha fazer crescer essa quantidade de fé que o Senhor nos deu.
Muitas vezes encontramos em círculos cristãos e eclesiásticos homens e mulheres que, apesar de cinco, dez e mais anos, preservam aquela mesma medida de fé que tiveram quando vieram a Cristo Jesus. Eles não fizeram a fé crescer, não desenvolveram a fé.
É por isso que em muitos casos tudo o que encontramos são testemunhos do passado, de muitos anos atrás, mas daí em diante é como se as experiências estagnaram ou não transcenderam. Porque muitos de nós não entendemos que a fé precisa se desenvolver, que a fé precisa se multiplicar, e essa é a sua e minha responsabilidade.
A Parábola dos Talentos: Ilustração do Crescimento
Por que a fé é necessária para agradar a Deus? Quando vamos a Mateus capítulo 25, a parábola dos servos que receberam talentos, encontramos a explicação.
Três servos receberam quantidades de dinheiro: cinco talentos, dois talentos, um talento. Em outra ocasião expliquei isso: nenhum era maior que o outro. Quase sempre vemos o de cinco como maior que o de dois, e ainda muito maior que o de um. Não, todos os três eram iguais.
Como são todos iguais no que se refere à obra do Reino dos Céus? Porque o que tinha cinco produziu cinco mais. Quanto em termos percentuais este homem fez? 100%. O que tinha dois produziu dois mais. Que porcentagem este homem fez? Também 100%. Esperava-se que o que havia recebido um talento também produzisse 100%.
Não é a quantidade, é a porcentagem que cada um deles fez. Todos os três estavam na mesma posição, no mesmo nível, porque do contrário Ele não teria dado um talento àquele que recebeu um.
O que aconteceu? O que havia recebido um talento disse: “Tive medo, escondi o talento, e pelo menos não o perdi.”
Isso nos ensina que a fé tem que crescer, tem que se multiplicar. Não podemos ver a fé como uma ferramenta: “Resolvi minha situação, não preciso mais de fé, vou guardar a fé que tenho para quando precisar novamente.” Não, esse não é o conceito que a Palavra do Senhor está nos apresentando.
A fé tem que se multiplicar, você tem que fazê-la crescer. Quem a faz crescer? Cada um de nós tem que fazer a fé crescer.
O Perigo da Fé Estagnada
Do contrário, se não trabalhamos para fazer a fé crescer, a fé permanece do mesmo tamanho e—escute bem o que vou lhe dizer—está exposta a se extinguir. A se extinguir, assim como você está ouvindo: pode se extinguir.
Onde isso nos mostra? Aqui mesmo no Evangelho de Lucas, capítulo 18, quando Jesus o Cristo, estabelecendo ensinamento com Seus discípulos, lhes disse: “Quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?”
O que isso está dizendo é que a fé pode se extinguir, a fé pode se perder.
A Ilustração do Maná
Para que tenhamos uma ideia do que estou dizendo, no Antigo Testamento nos é apresentado o maná, o pão do céu que caía por seis dias. No sétimo dia, o dia de descanso, não caía absolutamente nada e se reintegrava no primeiro dia da semana seguinte.
Moisés lhes disse o seguinte: “Tomem, quando chegar o sexto dia, tomem para esse dia e tomem para o sétimo dia, porção dupla para o sétimo dia. Mais do que vocês precisam não tomem para o dia seguinte. Se estão no primeiro, segundo ou terceiro dia, não tomem excessivamente.”
O que aconteceu? Houve aqueles que não atenderam à instrução de Moisés e tomaram em excesso para guardar para um dia adicional. E o maná se desvanecia, o maná se decompunha, porque o maná era para o próprio dia que eles estavam vivendo. A única exceção era o sexto dia porque tomavam para esse dia e para o sétimo dia, já que no sétimo dia não caía maná.
Isso está nos ensinando que a fé, se não a fazemos crescer, se não a colocamos para se exercitar, pode se desvanecer.
Podemos entender por que há crises de fé, particularmente em homens e mulheres que já têm tempo estando dentro de uma congregação ou que já têm tempo tendo confessado Cristo Jesus como seu Senhor e Salvador? Porque há crises de fé precisamente porque não fizemos crescer a fé que o Senhor nos deu.
Dois Ensinamentos Resumidos
Até o versículo 6, dois ensinamentos este texto nos está apresentando:
- A fé tem que ser feita crescer, e é sua responsabilidade e minha responsabilidade. Não é responsabilidade de mais ninguém, não é questão de pedir a alguém para orar para que eu possa crescer na fé. É minha responsabilidade diante do Senhor. É minha responsabilidade fazê-la crescer. Não posso delegar a outro, a alguém, a um ministro para orar para que minha fé cresça. É nossa responsabilidade, é uma responsabilidade, um compromisso pessoal e intransferível diante da presença do Senhor.
- A fé é para sujeitar o material ao espiritual para que então possa se estabelecer em nossos meios, em nossos ambientes, o Reino de Deus.
Há pessoas que mesmo se chamando cristãs ou crentes não estão vivendo no Reino dos Céus, porque viver no Reino dos Céus não é apenas estar afiliado a uma congregação. Viver no Reino dos Céus é estabelecer o ensinamento ou instrução direta que a Palavra do Senhor está nos entregando.
A Definição Bíblica da Fé: Hebreus 11:1
Para poder entender o que é propriamente a fé de acordo com o que está sendo apresentado a nós, vamos ao livro de Hebreus, capítulo 11, versículo 1:
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.”
Estou lendo de uma versão antiga de 1909. As palavras que aparecem aqui são “fundamento” e “prova”. Na versão de 1960 aparecem “certeza” e “convicção”.
Este versículo, que até este momento a grande maioria de nós assumiu como a única definição de fé, não é a única. Estivemos estabelecendo definições do que é a fé através de outros textos.
Este versículo está nos dando duas definições em uma. Por quê? Porque diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam” (primeira definição), “e a prova das coisas que se não veem” (segunda definição).
Mas aqui temos que entender que não são duas definições independentes, mas sim é uma única definição que está sendo apresentada a nós em duas partes para que entendamos que a fé é espiritual, mas se aplica no âmbito material.
Vou repetir isso novamente: A fé é espiritual, mas se aplica no âmbito material.
- “Ora, a fé é o firme fundamento” (âmbito espiritual)
- “A prova das coisas que se não veem” (âmbito material)
O Conceito Errôneo: Deus Não Cria do Nada
A fé estabelece que o que recebemos de Deus, que o que recebemos que vem de Deus, já está feito, já está no espiritual, mas o material ainda não se materializou.
Há um conceito que se infiltrou dentro do ambiente cristão, dentro do ambiente eclesiástico, que é necessário que cada um de nós possa removê-lo, que possamos erradicá-lo. A que conceito me refiro? O conceito que diz que Deus constrói do nada ou que Deus fabrica do nada, que Deus faz do nada.
Esse não é o conceito bíblico. Deus não produz do nada a este ambiente material o que já está feito no ambiente espiritual.
Vejam o que diz no mesmo capítulo, no versículo 3, a última parte: “de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que se vê.”
Aqui está a confusão precisamente que desenvolveu esse conceito de que Deus constrói do nada. “De maneira que aquilo que se vê não foi feito do que se vê.” Por que diz que não se via? Porque pertence ao âmbito espiritual.
O Exemplo da Criação
Vamos por alguns momentos ao livro de Gênesis, capítulo 1: “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia.” E começamos a ver a criação deste ambiente material no qual estamos vivendo. E disse Deus: “Haja luz.”
A luz não pertence ao âmbito material. Não é que a luz foi construída naquele momento. Note que Ele ainda não fez os luminares, isto é, a luz não é o resultado de uma estrela chamada sol ou uma estrela chamada lua ou outras estrelas que produzem sua própria luz. Não, Ele ainda não os construiu.
Isso significa então que Ele não fabricou luz naquele momento? Ele a trouxe do ambiente espiritual. Houve uma transferência do ambiente espiritual que introduziu luz. A luz pertence ao espiritual e Ele a introduziu dentro do ambiente material. Assim é como Deus opera, e assim é como Ele produz todas as coisas.
“O que se vê vem do que não se via.” Quando em Hebreus capítulo 11, versículo 1, diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam,” está nos dizendo que todas essas coisas já estão, já estão. Onde estão? No espiritual.
Que a única coisa que falta é que se materializem. E na segunda parte: “a prova das coisas que se não veem,” tudo o que Deus introduziu a este mundo não foi fabricado do nada, não foi feito naquele momento preciso. Deus trouxe tudo do ambiente espiritual e o plantou dentro do ambiente material.
Esta é a forma como Deus opera. Quando Deus produz um milagre, Ele o traz do ambiente espiritual e o introduz no ambiente material. Tudo já está feito, só precisa ser materializado.
A Chave: Sujeitar o Material ao Espiritual
Aqui é onde a fé entra. Lembre-se do texto que estávamos lendo em Lucas capítulo 17: o que dissemos que a fé é? A capacidade de sujeitar o material ao espiritual.
Tudo já está feito, mas precisa se manifestar no material. Quando vai se manifestar no material? Quando o homem de fé sujeitar o material ao espiritual. De nenhuma outra maneira.
- Quando virá sua provisão? Quando você aprender a não depender dos recursos deste mundo. Sujeite o material ao espiritual.
- Quando virá sua cura? Quando você decidir não depender do material, do que este mundo estabeleceu como a forma de ser saudável. Quando você sujeitar isso ao espiritual, então se manifesta.
- Quando virá sua prosperidade? Quando virão aquelas coisas que o Senhor te declarou que viriam, que Ele te falou que viriam, ou aquelas demandas que o Senhor te impôs para caminhar por elas? Quando virão? Quando se materializarão? Quando cada um de nós sujeitarmos o material ao espiritual.
O Grande Problema: A Dependência do Mundo
Este é o grande problema que muitos homens e muitas mulheres temos: porque não quisemos sujeitar o material ao espiritual. Ao contrário, nos sujeitamos, nos sujeitamos a este mundo.
Veja o que diz Primeira João, capítulo 3, versículo 9: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.”
E no capítulo 2, versículo 3: “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.”
Em outro texto, sempre de Primeira João, o apóstolo escreve e diz: “O que é que vence o mundo? Qual é a vitória que vence o mundo? A nossa fé.”
Quando nós, homens e mulheres que nos confessamos como homens de Deus, como mulheres de Deus, aprendemos a sujeitar o material e o sujeitamos ao espiritual, então aí é quando se materializa aquilo que o Senhor nos falou, aquilo que o Senhor nos demandou, aquilo que o Senhor nos entregou. Não é de outra maneira.
O Testemunho de Daniel
Quanto tempo demora para se materializar aquilo que estamos esperando? O tempo que nos leva para sujeitar o material ao espiritual.
Deixe-me ir ao livro de Daniel, capítulo 10. Encorajo você a ler o capítulo completo. Vou ler os versículos 12 e 13 para mostrar essa mesma coisa que acabei de explicar:
“Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.”
O que este texto está nos dizendo? Daniel, quando suas palavras saíram, no mesmo momento eu fui enviado a ti. “Foram ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim,” este ser angélico está dizendo-lhe. “Eu saí da presença do Todo-Poderoso, eu saí no mesmo momento em que suas palavras foram ouvidas.”
Mas quanto tempo demorou para chegar? Vinte e um dias. Diz: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias.” E certamente teria demorado mais se não fosse porque Miguel, um arcanjo, veio para abrir espaço para que pudesse passar através do ambiente demoniacal no qual se encontrava.
Lembre-se dos vinte e um dias de Daniel, como coincidem com os vinte e um dias que este ser angélico esteve detido nos céus.
A Fé Não É Apenas para Receber
A fé não é apenas para receber o que estamos pedindo a Deus. É um conceito demasiadamente pobre e utilitário até certo ponto. Não é apenas que vamos usar a fé quando preciso de algo e quando preciso porque já esgotei todos os meus recursos.
A fé é o meio que nos serve para poder estabelecer o Reino dos Céus onde quer que nos encontremos, onde quer que o Senhor nos tenha colocado.
Mas quando se estabelece ou quando começa? Quando o homem de Deus, quando a mulher de Deus entende que o que Deus nos disse, que o que Deus nos entregou, que a demanda que o Senhor nos pediu, já está. Já está, não é que vai ser feito um dia ou no mesmo momento quando vão te entregar. Já está.
Onde está? No espiritual, no ambiente espiritual, no Reino dos Céus. Tudo já está lá, já está.
Por que não chegou então? Porque cabe a mim sujeitar o material ao espiritual. Quando eu aprender, quando eu aprender a sair dos ambientes do mundo onde me sujeitei, onde eu mesmo decidi me sujeitar e caminhar por eles, quando eu sair de lá e agora conseguir sujeitar o material ao espiritual, então vai se realizar.
Do contrário, vão passar dias, vão passar meses, vão passar anos, que é a realidade na qual muitos de nós temos vivido.
O Testemunho do Passado
Quando dizemos “o Senhor me disse,” estamos sugerindo que foram vários anos atrás que o Senhor me disse, mas ao mesmo tempo estamos dizendo “e ainda não se cumpriu.” “O Senhor me disse, mas ainda não se cumpriu.”
Por quê? Porque temos que entender que tudo o que Deus quis nos entregar, que tudo o que Deus falou sobre nós, que inclusive a demanda de vida que o Senhor nos propôs, já estão. Já estão. Onde estão? No âmbito espiritual. Precisam ser materializados.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam.” O fundamento já está. O fundamento é o que dá vida a tudo, é a base de tudo. O fundamento das coisas que se esperam já está, tudo já está, já está.
“A prova das coisas que se não veem.” Precisam ser materializados, precisam ser materializados.
É uma única definição, mas está sendo apresentada de duas formas, em dois parágrafos até certo ponto como se diferentes, para nos indicar que já no espiritual já está, mas precisa ser materializado. Aí é onde a fé entra.
Por Que Não Se Materializa
Por que não se materializa? Porque ainda estamos caminhando sob os formatos deste mundo. Quisemos continuar caminhando sob os formatos deste mundo. Não quisemos sair dos formatos deste mundo.
Muitos de nós decidimos depender de um salário. Sim, assim como você ouve, decidimos depender de um salário: “É meu salário que vai me sustentar, é meu salário que vai me dar todas as coisas.” Decidimos caminhar e depender de um salário.
Muitos de nós decidimos caminhar e depender de um sistema de saúde. Muitos de nós quisemos caminhar e depender de um sistema político. Muitos de nós quisemos caminhar e depender de um sistema social.
As coisas não se materializam enquanto continuamos caminhando sob esses formatos, que são os formatos deste mundo. Deus não vai passar por cima de Sua própria Palavra. Até que saiamos desses formatos e os sujeitemos ao espiritual.
A Realidade da Dependência Mundana
“Eu não dependo de um salário, eu não dependo de um sistema de saúde, eu não dependo de um sistema político.” É por isso que há muitas pessoas que não veem prosperidade em sua vida, porque dizem: “É que o salário mínimo neste país é tanto, e com esse dinheiro não se pode fazer nada.”
“Se eu vivesse em outro país ou estivesse nestas condições, então eu poderia…” Quantas vezes homens de Deus, quantas vezes mulheres de Deus disseram isso. Não entendemos o que é o Reino de Deus, não entendemos o que é o Reino dos Céus.
As Chaves do Reino: Mateus 16:19
Quero levá-lo a Mateus, capítulo 16, e agora vamos entender este texto que muitas vezes não entendemos completamente. Mateus capítulo 16, versículo 19:
“E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”
Estamos entendendo? Este versículo 19 de Mateus capítulo 16 está conectado a Hebreus capítulo 11, versículo 1. Está falando da mesma coisa.
Nós podemos ligar na terra os formatos, os sistemas, os modelos, as plataformas de vida às quais nós mesmos decidimos nos sujeitar, às quais nós mesmos decidimos caminhar por elas. Até que os sujeitemos ao espiritual, então o Reino dos Céus vai se ver manifestado.
Sujeição às Autoridades vs. Dependência
Quantos de nós decidimos caminhar pelas leis do homem? Mais de um pode dizer: “Mas se é que a mesma Palavra nos diz: ‘Sujeitai-vos às autoridades superiores.’ A mesma Palavra está nos dizendo.”
O que a Palavra está nos dizendo é: “Não caminhem em sedição, não caminhem estabelecendo rebelião.” Nesse sentido você se sujeita, mas não depende delas. Mas quando decidimos caminhar por elas, então nos sujeitamos ao material, então as leis se aplicam à nossa vida.
Não lemos em Primeira aos Coríntios que o apóstolo diz que nós havemos de julgar este mundo? Lemos que o apóstol, pelo Espírito de Deus, diz como é possível que não tenhamos podido todas as coisas quando Deus nos deu a autoridade para podermos fazê-lo?
O Chamado para Sair do Mundo
É importante que entendamos por que é necessário caminhar pela fé. Respondemos a esta pergunta, porque do contrário não vamos ver tudo o que Deus dispôs nos dar como herdeiros deste mundo. Não vamos vê-lo porque não há outra forma.
O que é a fé? A capacidade que Deus nos dá para poder sujeitar o material ao espiritual. Mas para isso, cada um de nós tem que sair de cada uma das plataformas às quais nós mesmos nos sujeitamos.
É por isso que o apóstolo em sua epístola aos Romanos diz: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento.”
A palavra “conformar” quer dizer tomar a forma do mundo. Muitos tomamos a forma deste mundo e estamos caminhando pela forma que o mundo estabeleceu, sem entender que Deus nos chamou para sair do meio deles: “Saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei.”
Conclusão: A Fé Como Virtude Espiritual
É por isso que neste ensinamento a Palavra que o Senhor está nos propondo é: “Sem fé é impossível agradar a Deus.”
E não se trata—repito novamente—não se trata apenas de um recurso para receber aquilo que estamos pedindo ao Senhor. A fé é a virtude espiritual para sujeitar as coisas materiais e sujeitá-las ao espiritual.
É por isso que é muito importante que entendamos este tema. Hoje que o Senhor nos expõe a isso, cada um de nós pode tomar decisões. Não se trata de dizer “que bom, que impressionante, que bom saber isso,” porque não se trata de quanto conhecimento cada um de nós pode adquirir.
Trata-se de quanto podemos fazer com aquilo que o Senhor nos dá. Quanto podemos construir com aquilo que o Senhor nos dá?
Nesta hora o ensinamento foi apresentado, e agora corresponde a cada um de nós tomar decisões. As coisas podem mudar com as decisões que cada um de nós tomarmos a partir deste momento.
Eu te abençoo. A paz do Senhor seja contigo. Amém.

