Introdução

Bendito seja Deus e Pai nosso, que nos concede a graça e a misericórdia para podermos apresentar-nos diante de Sua presença e expor-nos à Sua palavra. A paz do Senhor seja contigo e com tua casa.

Estamos no tempo que o Senhor preparou para apresentar-nos diante de Sua palavra, para sermos instruídos, corrigidos e, sobre todas as coisas, preparados para a obra do ministério ao qual o Senhor nos chamou.

Iniciamos uma nova série de ensinamentos acerca do tema da fé. Em todos os círculos crentes se fala sobre a fé, mas temos um conceito claro do que é a fé e para que serve? Embora tenhamos textos básicos que repetimos constantemente, na prática muito poucos homens e mulheres de Deus têm um conhecimento claro do que é realmente a fé e para que serve.

Na maioria dos casos, assumimos que a fé é aquilo que nos serve para apresentar-nos com segurança diante da presença do Senhor quando temos uma situação que amerita a intervenção de Deus. Do contrário, geralmente somos nós mesmos que resolvemos todas as nossas situações. A fé vem a ser uma virtude que somente nos ajuda para que o Senhor nos socorra nos momentos em que as situações saíram do nosso controle e da nossa autoridade.

É importante que cada um de nós, homens e mulheres de Deus que fomos chamados para estabelecer Sua vontade sobre a terra e proclamar profeticamente a vinda de Jesus o Cristo, aprendamos a conhecer a fé e a viver por meio dela.

No Evangelho de Mateus, capítulo 24, Jesus diz que “por haver-se multiplicado a maldade naqueles dias, o amor de muitos se esfriará”. O apóstolo Paulo, igualmente, em Gálatas capítulo 2, versículo 20, escreve: “já não vivo eu, Cristo vive em mim; e o que vivo na carne, vivo na fé do Filho de Deus”.

Os últimos tempos são tempos sumamente difíceis. Os tempos prévios à vinda de Jesus o Cristo não se tratam unicamente de confessar que Cristo vem, mas de saber viver conforme ao que Ele determinou, porque são tempos perigosos e o inimigo está buscando que a maioria dos que confessaram sua fé em Jesus o Cristo não possam perseverar até o fim.

O apóstolo Paulo diz claramente que são tempos sumamente perigosos. O Espírito de Deus está dando testemunho acerca do perigo que envolve todos estes tempos. Por isso somos chamados para estabelecer fé sobre a terra, para que quando o Senhor venha encontre fé e um povo preparado, um povo apercebido.

Sabemos que a palavra estabelece que Ele vem por uma igreja sem mancha e sem rugas. Essas manchas e rugas são todos aqueles eventos, situações e circunstâncias que intervêm e prejudicam a fé, porque a fé é o mais importante que deve prevalecer nestes últimos tempos.

Preceitos Fundamentais sobre a Fé

No ensinamento anterior estabelecemos vários preceitos básicos que devemos recordar:

Primeiro: A fé é uma virtude espiritual. Isto não devemos perder de vista, porque se não temos um conceito claro e uma definição precisa do que é a fé, não poderemos caminhar naquilo que desconhecemos.

Segundo: A fé pertence a Deus. O homem não pode gerar fé. Não há dois tipos de fé, como muitas vezes se diz popularmente: uma fé material ou humana e uma fé espiritual. Não há mais que uma só fé, como a própria palavra declara, e esta pertence a Deus. O homem não pode gerar fé por si mesmo.

Terceiro: A fé a outorga Deus por Sua graça e Sua misericórdia. “Não é do que corre, nem do que quer, mas daquele de quem Deus tem misericórdia”. Por isso estabelecemos que não de todos é a fé, porque precisamente a fé a entrega Deus por meio de Sua graça e Sua misericórdia.

Quarto Preceito: A Fé se Fundamenta na Capacidade de Seguir Instruções

Neste ensinamento quero agregar um preceito mais que nos ajude a entender a fé para que cada um de nós possa caminhar por ela:

A fé pertence a Deus, Ele a entrega, e está fundamentada na capacidade que cada um de nós tem para seguir instruções.

Exemplo 1: O Cego de Nascimento

Comecemos com o Evangelho de João, capítulo 9, versículos 1 ao 7:

“Ao passar Jesus, viu um homem cego de nascimento. E perguntaram-lhe seus discípulos, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Não é que pecou este, nem seus pais, mas para que as obras de Deus se manifestem nele. É-me necessário fazer as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, luz sou do mundo. Dito isto, cuspiu na terra, e fez lodo com a saliva, e untou com o lodo os olhos do cego, e disse-lhe: Vai lavar-te no tanque de Siloé (que traduzido é, Enviado). Foi, então, e lavou-se, e voltou vendo.”

A fé está fundamentada na capacidade que cada homem e cada mulher tem para seguir instruções. Neste primeiro exemplo vemos que o cego não pediu a intervenção; talvez nem mesmo soubesse que Jesus estava perto dele. Mas Jesus tomou a iniciativa, untou-lhe lodo nos olhos e deu-lhe uma instrução: “Vai lavar-te no tanque de Siloé”. Isso foi o único que lhe disse.

O cego, embora não tivesse tido a iniciativa de pedir sanidade, seguiu a instrução. Foi ao tanque de Siloé, lavou-se como Jesus lhe havia dito e voltou vendo. Entre o lugar onde estava Jesus e o tanque havia uma distância considerável, o que significa que o cego caminhou uma grande distância com lodo em seus olhos. Provavelmente houve murmuração ao vê-lo caminhar assim, mas isso não lhe importou: seguiu a instrução, lavou-se e voltou vendo.

Exemplo 2: O Homem com Fé para Ser Sanado

Em Atos dos Apóstolos, capítulo 14, versículo 9, encontramos:

“Este ouviu falar Paulo; o qual, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser sanado…”

A fé se pode ver. Para um homem ou uma mulher que desenvolveu sensibilidade espiritual, ver a fé é possível. Mas o que é que se vê? Vê-se a disposição de seguir instruções. Quando diz que Paulo viu que tinha fé, está dizendo que viu nessa pessoa uma disposição de seguir instruções.

Exemplo 3: A Incredulidade Impede as Maravilhas

No Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículos 57 e 58:

“E escandalizavam-se dele. Mas Jesus lhes disse: Não há profeta sem honra, senão em sua própria terra e em sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.”

Como se mede a incredulidade? Na incapacidade que as pessoas tenham de seguir instruções. A fé se fundamenta na capacidade que o homem e a mulher tenham de seguir instruções.

Uma mulher que não esteja disposta a seguir instruções não pode desenvolver fé; é impossível. Por quê? Porque a fé começa precisamente com uma instrução que Deus dá. Quando o homem aceita a instrução, quando a mulher aceita a instrução e a executa, há uma semente que é sembrada no coração e no espírito, e começa a gerar-se fé.

Quando é que a Fé se Faz Fé?

Esta é a pergunta central que queremos responder neste ensinamento. A capacidade que o homem e a mulher tenhamos de seguir instruções é o que habilita que Deus possa semear uma semente em cada um que possa germinar e produzir fé.

Se não estamos dispostos a seguir instruções, se não estamos dispostos a seguir recomendações, não há forma nem possibilidade de desenvolver fé.

O primeiro que devemos entender quando estamos diante da presença do Senhor e dizemos “Senhor, dá-me fé”, é que o próximo que vem é uma instrução.

Muitos de nós tivemos a ideia de que quando dizemos ao Senhor “dá-me fé”, de momento vem um impacto e começamos a ser homens e mulheres de fé. Não funciona assim. Essa é uma ideia que temos, mas não está fundamentada na palavra de Deus. Essa é uma ideia que nos inculcou a filosofia religiosa, mas não é como Deus obra.

Temos ideias demasiado mágicas, ideias demasiado esotéricas, onde de momento há uma mudança e o homem e a mulher sentem um impacto. Não funciona assim. A fé começa quando o homem e a mulher estão dispostos a seguir instruções.

E isto não somente de Deus de forma direta, mas também pelo meio que Deus escolha para dar-nos a instrução. É fácil seguir uma instrução quando escutamos a voz de Deus que nos fala diretamente, mas Deus tem vasos de honra que Ele utiliza para dar-nos instruções. Aqui é quando a situação se torna mais difícil, porque muitos homens e mulheres de Deus não estão dispostos a receber uma instrução de alguém semelhante a eles.

Quantas vezes escutamos: “Eu tenho cobertura de Deus, mas não cobertura do homem”. Não sucede assim na mensagem do Evangelho. Deus utiliza homens e mulheres para dar-nos instruções. A capacidade que nós tenhamos de seguir a instrução é realmente o que vai permitir que sejamos capazes de receber fé, a virtude espiritual de Deus que nos faz homens e mulheres que cremos em Deus e em Sua obra.

O Modelo de Abraão

Para trabalhar este tema vamos usar o modelo de Abraão, guiados pela pergunta: quando é que a fé se faz fé?

Primeira Etapa: A Instrução Inicial

Gênesis 12:1-4:

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão como o Senhor lhe disse, e foi com ele Ló; e era Abrão de idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã.”

O primeiro que Abraão recebe é uma instrução, e sobre essa instrução é que começa a desenvolver-se o processo da fé. Porque a fé é um processo, um desenvolvimento espiritual que transforma o homem e a mulher de tal forma que o “depois” não é o mesmo que o “antes”. Há uma transformação completa porque a fé transforma a vida.

No caso de Abraão o vemos claramente. Se notamos no versículo 1, diz “Ora, o Senhor disse a Abrão”. Mais adiante é que Deus lhe muda o nome para Abraão. Por quê? A fé tem a capacidade de transformar a substância do homem. A fé tem a capacidade de desfazer uma substância que é a substância humana, a substância adâmica, e provocar uma substância completamente diferente.

Houve uma transformação genética, não somente uma transformação de personalidade, caráter ou conduta. Houve uma transformação genética completa nele. Isso é a fé. A fé não é somente a capacidade ou virtude de um homem ou mulher para crer em Deus. Não é somente uma substância que nos ajuda a dizer “sim, Senhor, entendo e vou fazer como tu dizes”. Há uma transformação completa e substancial na vida da pessoa.

Primeira Lição: Seguir as Instruções Literalmente

“Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.”

Mas no versículo 4 diz: “E foi com ele Ló.”

Abraão não estava seguindo a instrução literalmente. Parentela tem a ver com família, e a casa do pai tem a ver com família também. Mas levou consigo Ló. Não lhe disse “leva Ló”.

Nesta primeira etapa é importante que entendamos: não podemos inovar as instruções, não podemos corrigir as instruções, não podemos modificar as instruções. Se o homem de Deus e a mulher de Deus modifica, posterga ou alarga o termo da instrução, o processo se estende.

É importante notar que Abraão tinha 75 anos quando saiu de Harã, e quando Deus lhe dá realmente a promessa do filho era de 100 anos. Passaram 25 anos. Por que tanto tempo? Porque inovamos as instruções. Não somos chamados para inovar, não somos chamados para modificar, não somos chamados para corrigir.

De seguro Abraão pensou: “O Senhor não me quis dizer especificamente sobre Ló, mas me deixou ao meu critério. Pobre Ló, perdeu seu pai, quem vai velar por ele?” Como disse o apóstolo Pedro: “É justo obedecer aos homens antes que a Deus?”

A capacidade que o homem e a mulher tenham de seguir instruções literalmente é o que inicia o processo e o desenvolvimento da fé.

Primeira lição: As instruções não se modificam; seguem-se literalmente.

Segunda Etapa: A Motivação por Trás da Obediência

Gênesis 15:1-4:

“Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu escudo, e o teu grandíssimo galardão. Então disse Abrão: Senhor Jeová, que me darás, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é este damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: Eis que me não tens dado descendência, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro.”

Façamos uma comparação entre o capítulo 12 e o 15. No capítulo 12: “Sai-te da tua terra e da tua parentela… para a terra que eu te mostrarei.” Note que não lhe ofereceu filho. Deus lhe ofereceu terra.

No capítulo 15, Abraão começa a confrontar-se com uma realidade: “E esta terra quem a herdará?” Porque Deus não lhe falou desde um princípio de filho, mas de terra.

Isto traz à luz algo importante: quando estiveres seguindo uma instrução, revisa qual é a motivação que te leva a seguir essa instrução.

“Sai-te da tua terra… para a terra que eu te mostrarei.” Naquele então não lhe atraía a ideia de ter terra por si mesma. Era a época da expansão da civilização, quando se estavam começando a formar os impérios. Um império se forma à base de terras, regiões, extensões.

A motivação de Abraão estava fundamentada em poder, governo e autoridade. Saiu à luz que Abraão não estava realmente motivado pela obra de Deus, mas por seus próprios interesses.

Não sigamos interesses pessoais, não sigamos interesses particulares, porque as motivações têm que ser depuradas também.

Se Deus desde um princípio lhe houvesse dito “Abraão, sai-te da tua terra… porque eu te vou dar um filho”, Abraão houvera pensado que Deus estava zombando dele, porque ele sabia perfeitamente que sua esposa era estéril. Isso não era uma novidade para ele.

É importante que revisemos quais são nossas motivações.

O Uso de Recursos Externos (Gênesis 16:1-3)

“Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ela tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; peço-te, pois, que entres à minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.”

Segunda lição: Não uses a via rápida nem te ampares em recursos próprios.

Quando Deus diz a Abraão no capítulo 15: “Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro”, Sarai vem no capítulo 16 e diz-lhe: “Deus te disse que o filho sairia de tuas entranhas, não disse que sairia de minhas entranhas. Dou-te minha serva Agar e o filho dela vai ser o filho que Deus te prometeu.”

Usaram a via rápida. Usaram recursos próprios para fazer cumprir a palavra do Senhor. Por quê? Queriam dar uma ajuda a Deus.

Nós queremos dar uma mão ao Senhor, queremos ajudá-lo ao Senhor, como se Ele não tivesse o poder nem a autoridade para fazer o que Ele mesmo disse que fará.

Uma das causas pelas quais tantos homens e mulheres erram o caminho é porque se tornam especialistas em interpretar a palavra de Deus à sua maneira. “Talvez Deus queria que eu fizesse isto. Não me disse, mas eu tenho que aportar, eu tenho que colaborar.”

Há que ter muito cuidado, porque muitas vezes os recursos que utilizamos não estão avalados pelo que Deus quer.

Há fé aqui? Não, não começou a fé, mas germinou-se a fé porque Abraão está seguindo instruções. Mas temos que corrigir como vamos seguir essas instruções.

Segunda lição: Não busques a via rápida nem te ampares em recursos externos, como querendo auxiliar a Deus. Não podemos auxiliar a Deus.

Terceira Etapa: Não Avaliar Segundo Nossa Realidade

Gênesis 18:9-15:

“E disseram-lhe: Onde está Sara, tua mulher? E ele disse: Ei-la aí na tenda. E disse: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele. E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres. Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Depois que envelheci terei ainda deleite? sendo também o meu senhor já velho? E disse o Senhor a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Na verdade darei eu à luz ainda, havendo já envelhecido? Haveria coisa alguma difícil ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sara terá um filho. Então Sara negou, dizendo: Não me ri; porque temeu. E ele disse: Não digas isso, porque te riste.”

Terceira lição: Não avalies a palavra de Deus de acordo com tua situação. O que Deus disse se fará por Sua palavra, não por tua realidade presente.

“Como vai ser possível isto?”, disse Sara. “Como vai ser possível que uma mulher velha que já não tem a capacidade de conceber possa ter um filho? Se houvesse sido fértil, está bem, mas já passou o tempo da fertilidade.”

Não avalies o que Deus te disse em função de tua realidade. É por Sua palavra, não por teu critério, não pelos inconvenientes que tenhas ao teu redor. Ele é Deus e Ele faz como Ele quer. Para Ele não há nada impossível.

Note que já lhe mudaram o nome para Abraão. Nos dois textos anteriores aparecia Abrão, mas aqui já aparece Abraão, o que quer dizer que já houve uma mudança, uma transformação. Mas ainda a fé não se fez fé, porque ainda seguem avaliando a palavra de Deus em função de sua realidade.

É importante que se queremos passar ao seguinte nível, cada um de nós nos desprendamos de nossa realidade. Deus não depende de tua realidade para fazer o que Ele quer fazer. Deus não depende de minha realidade. Deus não depende de meu critério para fazer o que Ele quer fazer, e eu tenho que aprendê-lo. Deus não depende de como eu avalie as coisas para poder fazê-lo.

Criticar acerca das coisas que pode fazer é estorvar e alargar o tempo.

“Não estou trabalhando”, “não tenho”, “a condição do país está crítica”. Depende Deus de tua opinião? Depende Deus da realidade do país? Depende Deus de que não tenhas trabalho? Depende Deus da avaliação que cada um de nós tenhamos acerca da vida?

A resposta é não. Então, por que vamos insistir apresentando opiniões e critérios? Por que vamos insistir em seguir avaliando as coisas de acordo com nossa realidade?

Como disse Balaão: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”

Quarta Etapa: Abraçar o Impossível

Gênesis 22:1-3:

“E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.”

No versículo 2, quero destacar a forma como Deus se aproxima de Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas.”

Por que Deus lhe apresentava esta descrição? Porque lhe estava apresentando um impossível. Abraão tinha dois filhos. Se Deus lhe houvesse dito “sacrifica-me Ismael”, Abraão poderia ter dito “está bem, te o sacrifico”. Mas lhe disse “sacrifica-me teu filho, Isaque, teu único, ao que amas”.

Deus lhe estava apresentando um impossível. “Senhor, isso é impossível. Por quê? Porque tu me disseste que ele é quem me herdará. Porque é o filho da promessa. Tu não te podes negar a ti mesmo. Tu não te podes contradizer a ti mesmo. Recorda o que me disseste: ‘o que sairá de tuas entranhas’. E tu me disseste que expulsasse Ismael, que não me herdaria aquele mas este. Recorda-te, Senhor, que este é o filho da promessa.”

Vejamos o que diz Hebreus 11:17-19:

“Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; e daí também em figura ele o recobrou.”

Abraão não pensou em nenhum momento que Deus estava equivocado. Abraão não pensou em nenhum momento que Deus havia mudado de opinião. Abraão não pensou que a promessa de Deus se truncava. Pensou: “Se Ele me o está pedindo, e Ele me disse que ele seria o herdeiro, quer dizer que Deus é tão poderoso que pode devolvê-lo a mim da morte.”

Sabe quando a fé se faz fé? Quando abraçamos o impossível.

A fé se fundamenta na capacidade que nós tenhamos de seguir instruções, e nos quatro cenários que revisamos, Abraão está seguindo instruções:

  1. Aprendeu a seguir instruções literalmente
  2. Aprendeu a não buscar a via rápida nem usar recursos externos
  3. Aprendeu a não avaliar conforme sua realidade
  4. Agora está aprendendo a abraçar o impossível

A fé se faz fé quando abraçamos o impossível.

Gênesis 22:15-18:

“Então bradou o anjo do Senhor a Abraão pela segunda vez desde os céus, e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.”

Tudo isto lhe disse no capítulo 12, não há nada novo. O novo vem agora: “E a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos.”

A fé se faz fé quando nós abraçamos o impossível, quando abraçamos o que não queremos, o que vai contra nós.

Quantos de nós nesta condição houvéramos querido entregar, principalmente matar, nosso filho? Quantos de nós nesta mesma situação houvéramos estado dispostos a fazer o que Abraão fez?

“Porquanto não negaste o teu filho, o teu único, ao que amas… abençoando te abençoarei e multiplicando multiplicarei.”

Por Que Não Pudemos Caminhar em Fé?

Sabe por que razão não pudemos caminhar em fé? Por que razão não pudemos andar na fé? Porque passamos o passo 1, passamos o passo 2, o passo 3, mas o passo 4 dizemos: “Não há necessidade disso. Eu me resisto, eu me nego a isto. Isso já não, isso é ir demais. Isso é ser demasiado fanático. Isso é ser demasiado radical. O Senhor mira a intenção de teu coração.”

Quantas vezes homens de Deus, quantas vezes mulheres de Deus dissemos isto? “Eu o que miro é teu coração.” É a maior mentira que nós estabelecemos como fundamento de nossa vida espiritual. Porque se bem é certo que Deus mira o coração, também mira as ações que nós estamos dispostos a fazer.

A fé se faz fé quando estamos dispostos a abraçar o impossível, quando o impossível não nos detém. Quando estamos no final do abismo e não há nada para a frente, não há nada sobre o qual vamos pôr pé, mas se Ele disse “segue adiante”, ainda que seja impossível, ainda que não se possa, ainda que não haja forma, quando o homem de Deus e a mulher de Deus estão dispostos a abraçar o impossível e ainda assim seguir crendo em Deus, aí é quando a fé se faz fé.

Muitos não estamos vivendo por fé ainda. Digo com dor, digo inclusive até com vergonha. Não estamos vivendo a fé ainda porque houve muitas desculpas e muitos raciocínios filosóficos humanos que nos levaram a deter-nos precisamente neste ponto, neste lugar que não quisemos passar.

“De tudo o que tens, Senhor, mas a isto não tomes as coisas muito a sério. Avalia-me de outra forma, avalia-me pelos textos que eu sei de memória, avalia-me pelos corinhos que eu me sei, avalia-me pelo tempo que eu participei na igreja. Eu estive num púlpito, eu estive colaborando com as crianças, eu estive colaborando com os homens, com as mulheres. Avalia-me, Senhor, pelo tempo que eu saí a evangelizar.”

Mas não queremos abraçar o impossível.

Por que não passamos da primeira etapa? “Sai-te da tua terra e da tua parentela… para a terra que eu te mostrarei.” Nos impressionou a terra. “Uau! Poder, autoridade, governo, domínio. Quem não quer isso?” Mas esse é um sentimento, mas isso é produto da carne.

“Senhor, eu quero que me prosperes em meu negócio, eu quero que me faças um homem próspero, uma mulher próspera, que me faças um homem de riqueza, uma mulher de riqueza.” A quantos de nós não nos agrada isso?

Mas quando o Senhor te diz “deixa teu emprego”, quando o Senhor te diz “entrega tua profissão, vem e segue-me”, quando o Senhor te diz “renuncia ao teu trabalho”, quando o Senhor te diz “não confies nos doutores, não confies nos medicamentos”, então nós dizemos: “Senhor, não há necessidade de chegar a tais extremos.”

Quantos de nós estamos avaliando a obra de Deus? E se estamos avaliando a obra de Deus, quero dizer-lhe que estamos avaliando também a Deus.

Quantos de nós estamos avaliando a Deus? “Isto é uma loucura. Não, não, não. Isso é uma loucura, não há necessidade de chegar a tudo isso.”

E lamentavelmente estamos detendo nosso crescimento espiritual, estamos detendo o desenvolvimento na fé.

Existe uma fé que move montanhas. Por que não temos nós essa fé? Porque não estamos dispostos a abraçar o impossível. Porque não estamos dispostos a entregar o que Deus nos está demandando.

O Chamado de Hoje

Por isso no dia de hoje somos confrontados diante da presença do Senhor. Quando Jesus o Cristo perguntou “quando vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?”, o que estava dizendo é precisamente o que estamos estudando aqui.

Não todos vão estar dispostos a caminhar no impossível, a caminhar em “eu não tenho recursos, eu desechei meus recursos”. Não todos vão estar dispostos a caminhar desprendendo-se das mesmas capacidades que possuem.

“Se Deus me deu estas capacidades, se Deus mesmo me deu estes meios, estes recursos…” Escutou essa expressão? “Se Ele mesmo me deu…”

Mas Jesus o Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me.”

Nos foi difícil ir à cruz, nos foi difícil. Não queremos morrer. Não queremos morrer a nossos recursos, não queremos morrer a nossas capacidades, não queremos morrer ao que muitas vezes nos custou tempo chegar a obter.

“Toma agora o teu filho, Isaque, teu único, ao que amas.”

Estás tu disposto hoje? Não contestes, porque somos muito prontos para contestar. Estás tu disposto? Estás tu disposta a sacrificar?

Quando nós abraçarmos o impossível, então é ali quando a fé se faz fé.

Conclusão: Chegar Até as Últimas Consequências

O propósito é chegar até o último ponto, até as últimas consequências. Não ficarmos somente seguindo instruções. Não ficarmos unicamente com não usar recursos externos. Não ficarmos somente até aí. Chegar até que a fé se faça fé.

Muitos de nós tivemos anos dentro de uma congregação, anos dentro do Evangelho do reino dos céus. E o que é o único que mudou? Você vai coincidir comigo: o único que mudou é que hoje sabemos corinhos, que hoje sabemos hinos, que hoje sabemos muitos textos da palavra de Deus, que já não faço as coisas que fazia antes. Mas ainda seguimos tropeçando na vida.

Muitas vezes nos comportamos como o jovem rico: “Senhor, tudo isto tenho guardado desde a minha mocidade.” “Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres.” “Ah não, Senhor! Não o tomes tão a sério. Não há que ser tão fanáticos. É suficiente com que eu creia, é suficiente com que eu confesse, é suficiente com que eu assista a uma congregação, é suficiente com que não faça aquilo. Por que há que levar a vida a um nível tão extremo, de ser um extremista?”

É que ainda não entendemos que a fé é extrema. É que a fé é radical. É que não há um “sim, mas não”. Como disse Jesus o Cristo: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não.”

Não estamos estudando um homem; estamos estudando cada uma de nossas vidas. Em que eu falhei? Em que eu falhei? Quantos anos tenho?

Como diz Hebreus capítulo 5: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus.”

Portanto, o que está passando em minha vida? Não há pecado, não há perversidade, não há maldade. Estou fazendo o que a palavra me diz, mas há algo que ainda falta, porque a promessa de Deus não se cumpriu em nossa vida.

Deus me deu uma promessa. O que passa então? Não começamos a viver ainda pela fé. Não começamos, não estamos vivendo pela fé.

Resumo das Quatro Lições

Lição número 1: A fé se fundamenta na capacidade que tenhamos de seguir instruções literalmente. As instruções não se modificam; seguem-se literalmente.

Lição número 2: A fé se fundamenta na capacidade que tenhamos de não buscar a via rápida nem amparar-nos em recursos próprios que Deus não determinou. Não auxilies a Deus.

Lição número 3: A fé se fundamenta na capacidade de seguir instruções sem avaliar a palavra de Deus de acordo com nossa situação. O que Deus disse se fará por Sua palavra, não por nossa realidade presente.

Lição número 4: A fé se faz fé quando abraçamos o impossível. Quando estamos dispostos a obedecer ainda quando não entendemos, ainda quando vai contra nossos interesses, ainda quando significa sacrificar o que mais amamos.

Oração Final

Meu Senhor, eu te dou graças, Pai, porque nos revelaste tua palavra. E agora nenhum de nós está alheio ou longe de poder alcançar o que tu queres que nós alcancemos.

Pai, “não é do que corre, nem do que quer, mas daquele de quem Deus tem misericórdia”. Eu sei, Pai, eu sei que depois desta palavra muitos vão soltar o arado e vão voltar atrás. Muitos.

Mas Pai, também sei que “os derradeiros serão primeiros”. E tu estás levantando, Senhor, uma geração que agora é menosprezada, mas que deles tirarás homens e mulheres com a capacidade de “sacrificar Isaque”.

Te dou graças por eles, Senhor, pelos tempos proféticos que tu nos fizeste viver.

Em nome de Jesus o Cristo, amém.

Te abençoo. A paz do Senhor seja contigo.


Esta lição nos confronta com uma verdade fundamental: a fé não é um sentimento nem uma declaração, mas uma disposição radical do coração para obedecer a Deus sem importar as circunstâncias, chegando inclusive a abraçar o que nos parece impossível. Só assim a fé se faz verdadeiramente fé, transformando não somente nossa maneira de pensar, mas nossa própria natureza.

pastor Pedro Montoya


Discover more from Treasure in Earthen Vessels

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

I’m pastor Montoya

Welcome to treaure in earthen vessels, the official website of Ministerio Apostólico y Profético Cristo Rey, a Hispanic ministry based in Puerto Rico. Here you will find biblical teachings, messages of faith and tools to grow in your spiritual life. Join us to discover the power of the Kingdom of Heaven.

Let’s connect

Discover more from Treasure in Earthen Vessels

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading